Relações Internacionais
As Relações Internacionais (RI ou REL - ou ainda chamado de Relações Exteriores) visam ao estudo sistemático das relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países cujos reflexos transcendam as fronteiras de um Estado, i.e., tenham como locus o sistema internacional. Entre os atores internacionais, destacam-se os Estados, as empresas transnacionais, as organizações internacionais e as organizações não-governamentais. Pode se focar tanto na política externa de determinado Estado, quanto no conjunto estrutural das interações entre os atores internacionais.

Além da ciência política, as Relações Internacionais mergulham em diversos campos como a Economia, a História, o Direito internacional, a Filosofia, a Geografia, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e estudos culturais. Envolve uma cadeia de diversos assuntos incluindo mas não limitados a: globalização, soberania, sustentabilidade, proliferação nuclear, nacionalismo, desenvolvimento econômico, sistema financeiro, terrorismo, crime organizado, seguridade humana, intervencionismo e direitos humanos.
Construção do campo de estudo
As Relações Internacionais surgem como um domínio teórico da Ciência Política no período imediatamente posterior à 1ª Guerra Mundial. Usualmente, se reporta ao Royal Institute of International Affairs, fundado em 1920, o pioneirismo no estudo exclusivo às relações internacionais. No mesmo período, a London School of Economics inauguraria um Departamento de Relações Internacionais, que posteriormente seria importante para a construção de teorias da escola inglesa de relações internacionais. O primeiro programa de Doutorado em Relações Internacionais do Brasil foi criado em 2001 pela PUC-Rio. Já o primeiro curso de Graduação em Relações Internacionais do Brasil foi criado em 1974, na Universidade de Brasília.
Teoria
Posteriormente, desenvolver-se-iam estudos focados na ação estratégica dos Estados no intuito de conservarem e ampliarem seu poder, tendo como elemento empírico de análise essencialmente a ação diplomática e bélica dos países modernos. Esses fatores ganham relevância principalmente devido ao contexto histórico: os estudos que inauguram as R.I. como disciplina autônoma se dão durante a Guerra Fria, e seus teóricos mais eminentes dissertam em universidades americanas; de modo que o pensamento internacional daquela época refletia a doutrina política seguida pelo governo americano desses tempos. Denominou-se escola realista o grupo de acadêmicos que seguiu essa linha de pesquisa, e de Realismo sua concepção teórica. Desta corrente, destacam-se Kenneth Waltz e Hans Morgenthau.
Mais a frente, com o desenvolvimento do capitalismo no mundo liberal, consequência da tendência que se firmara a partir da dec. de 1960 no então-chamado "Primeiro Mundo" para a internacionalização dos fluxos de capitais rumo aos espaços econômicos periféricos; conjuntura que se configurava com a proeminência do capital americano na economia internacional, surgem teóricos que questionam a validade das concepções realistas sobre as relações políticas entre os Estados inseridos no sistema internacional, que, segundo estes, baseava-se fundamentalmente na anarquia.
Esses teóricos, que viriam a ser denominados membros da escola liberal, alegavam que a crescente interdependência econômica entre os países, potencializada pelos avanços tecnológicos das telecomunicações, tornariam cada vez mais dispendioso o conflito. Os liberais indicavam a progressiva consolidação de regimes jurídicos internacionais, por meio das organizações supranacionais, bem como o aumento - considerado por eles irreversível - da autonomia de atores transnacionais - notadamente as empresas multinacionais - como fatores empíricos de uma inflexão no modus operandi do sistema internacional. Destacam-se desta escola teórica Robert Keohane e Joseph Nye.
O Liberalismo e o Realismo consolidaram-se, ao longo das décadas do sec. XX, como as principais correntes teóricas nos estudos internacionais. Ambas as correntes derivariam novos debates, a partir da revisão de seus conceitos em novos quadros analíticos. Nos anos 1980, originar-se-iam dessas discussões as correntes neorrealista e neoliberal.
Novos temas e perspectivas nas R.I.
Para além dessas visões sobre a teoria internacional, têm surgido uma variedade de novas temáticas nos estudos internacionais, que abordam desde questões já consolidadas em outros campos do saber - como a Economia Política Internacional - a questões consideradas totalmente novas, urgindo uma revisão completa de paradigmas - como as questões ambientais e feministas, por exemplo. Muitas dessas novas discussões se pautam em conceitos e categorias de análise alternativa àqueles empregados tradicionalmente nos debates da mainstream.
A revisão da teoria marxista tem estado bastante presente no ramo "heterodoxo" da teoria econômica política das relações internacionais (assim como o neoclassicismo econômico nos desenvolvimentos "ortodoxos" da mesma, especialmente na figura de Charles Kindleberger e seus trabalhos sobre a Teoria da estabilidade hegemônica - por aparentemente contraditório que seja pensar em "Economia Política" e "Neoclassicismo") e, de uma maneira mais eclética, nas investigações ambientalistas.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais
Nailson Meneses
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